Índice:
- Introdução
- Origem dos felinos
- A fase de Filhote dos felinos
- A fase Adulto jovem dos felinos
- A fase Adulta dos felinos
- A fase Sênior dos felinos
- Como introduzir um novo felino num ambiente com gatos
- Enriquecimento alimentar
- Cuidados básicos com um felino
- Conclusão
- Referências
- Introdução
Bem-vindo ao “Guia Completo dos Felinos em cada Fase da Vida”, esse ebook foi criado para esclarecer as particularidades e necessidades desta maravilhosa espécie em diferentes estágios da vida. A equipe de médicos veterinários do PlanoFocinhos está junto da sua família e poderá ajudar você a compreender e cuidar melhor do seu felino durante seu desenvolvimento.
Ao longo deste guia, abordaremos desde a fase de filhote até a idade sênior, fornecendo informações valiosas para criar um ambiente saudável e feliz para o seu felino.
Vamos começar!
2. Origem dos felinos
Os felinos domésticos iniciam sua história evolutiva no período Paleoceno, de 65 a 70 milhões de anos, depois da era dos dinossauros e quando apareceram os primeiros mamíferos.
Os primeiros mamíferos carnívoros, os Creodontes, foram extintos há 10 milhões de anos e acredita-se que os felinos se originaram deles. No final do Oligoceno, há 25 milhões de anos, apareceu o primeiro felino verdadeiro, ele andava com os dedos e possuía os dentes caninos como os gatos atuais. No Pleistoceno surgiu o gênero Felis e os felinos primitivos desapareceram.
No Quaternário, final do 2° Período Glacial, apareceu o Manul, que pode ser encontrado na Ásia e provavelmente tenha dado origem ao Gato Selvagem de Martelli que viveu na Europa e no Meio Oeste, desaparecendo a menos de 1 milhão de anos, provavelmente foi daí que se originaram os modernos gatos selvagens e consequentemente os gatos domésticos.
O Gato Selvagem de Martelli foi difundido por toda a Europa, Ásia e África e originou outros três tipos, o Gato Selvagem da Floresta (gato-do-mato-europeu ou gato-do-mato), Gato Selvagem Africano (gato-selvagem-da-Líbia ou gato-Kaffir) e o Gato do Deserto Asiático (gato-enfeitado ou gato-chinês-do-deserto). Os gatos domésticos descendem principalmente do Gato Selvagem Africano com o Gato do Deserto Asiático.
Estudos de DNA publicados em 2007 concluíram que os gatos domésticos descendem de pelo menos cinco fêmeas de Gatos Selvagens Africanos.
Com o progresso da civilização e o estabelecimento das populações em fazendas, principalmente devido ao cultivo e armazenamento de grãos (trigo e cevada), os felinos foram se aproximando dos seres humanos talvez pela presença de grande quantidade de roedores, que eram atraídos pelos grãos, e em troca de comida farta e fácil, ganharam abrigo e o destino deles se uniu definitivamente ao dos humanos.
A migração dos felinos iniciou a pé, mas depois passou para os trens e navios, espalhando os gatos domesticados pelo mundo todo.
A mais antiga evidência arqueológica remonta do período Neolítico, na ilha grega de Cyprus e sugere que o gato deve ter chegado à ilha e que foi enterrado com o dono. A primeira pintura de parede de um gato usando um colar, que indica domesticação, apareceu na 5ª dinastia egípcia. Na 22ª dinastia, o Rei Osorkon tornou os gatos divinos, sendo que alguns foram mumificados. Existe o templo da Deusa Bastet, deusa egípcia da fertilidade, da reprodução, da música, da dança e do amor, onde os gatos eram adorados naquela época.
Algumas dessas múmias encontradas foram identificadas como sendo da primeira espécie doméstica, o Felis libyca. Para os egípcios, os gatos eram tão valiosos, que existiam leis de proteção a esses animais.
Na Turquia foram encontradas imagens de figuras femininas com gatos nos braços datadas do século VI d.C que também evidenciam a domesticação.
Antigos marinheiros de 1000 d.C. viam vantagens em ter gatos a bordo dos navios durante as longas viagens para aumentar a proteção dos suprimentos que sofriam danos causados pelos roedores. No Oriente, os gatos eram respeitados por conseguirem prever as tempestades no mar e o gato Mi-Ke garantia uma viagem segura.
Maomé tinha os gatos como seu animal preferido e por essa razão os povos islâmicos sempre tiveram uma boa relação com a espécie. A natureza independente do animal e seus olhos proeminentes o associam a Diana, a deusa da lua, o que fez com que também ele fosse relacionado ao demônio e à bruxaria.
Na Idade Média, em função dessa associação ao demônio, muitos felinos domésticos foram exterminados e somente foram aceitos novamente quando houve a invasão de ratos, após as cruzadas, por eles serem muito efetivos no controle dessa praga.
Fenícios e Gregos contrabandeavam gatos para fora do Egito, assim como vários pularam para fora dos navios nos portos e dessa forma, espalharam-se pela Europa e Ásia. Registros arqueológicos mostram que os romanos foram os primeiros a introduzir os gatos na Inglaterra e quando ocorreu a colonização do Novo Mundo, nos anos de 1600, os gatos atravessaram o Oceano Atlântico, chegando às Américas.
Quando Pasteur descobriu os micróbios, por volta de 1800, as pessoas tornaram-se mais conscientes da necessidade de higiene e como os gatos são considerados animais limpos, sua entrada era permitida em mercados de alimentos.
A domesticação é um processo que requer várias gerações de acasalamentos seletivos de modo que ocorram mudanças fisiológicas, morfológicas e/ou comportamentais e não se tem ideia do tempo que isso leva.
O processo de domesticação do Felis catus é único, e há a possibilidade de ‘auto domesticação’ pois o homem teve pouca ou nenhuma influência nesse processo. A aceitação dos gatos próximos aos humanos é uma das poucas influências que o homem tem no processo.
Assim, chega-se à conclusão que os gatos foram domesticados de 7000 a 100 a.C., mas ainda não é consensual pois vários estudiosos ainda afirmam que o animal não está totalmente domesticado e que ele pode se tornar autossuficiente.
Há cerca de 600 milhões de gatos domésticos no mundo e é praticamente a única espécie felina que não é considerada ameaçada ou em perigo de extinção.
3. A fase de Filhote dos felinos
É dividida em:
- Fase Neonatal: do nascimento até 2 semanas de vida. Eles nascem com os olhos e ouvidos fechados, se orientando apenas por estímulos táteis, térmicos e olfatórios. Os gatinhos praticamente mamam e dormem, dependendo totalmente da mãe. A audição inicia com 5 dias, os olhos se abrem entre 7 e 10 dias, porém não conseguem regular a temperatura corporal da 3 à 7 semana, e são dependentes da mãe para se aquecer. Nessa fase é importante manter a temperatura do ambiente em torno de 32°. A mãe estimula o filhote a defecar e urinar através da lambedura e ajuda a manter a temperatura com a proximidade. Os filhotes mamam de 6 a 8 horas por dia na primeira semana.
- Fase de Transição: equivale às 2-3 semanas de vida. É quando começa o desenvolvimento sensorial e a locomoção. Já começam a se orientar visualmente e por sons. Começam a nascer os dentes. Nesta fase são menos dependentes da mãe e começam a surgir comportamentos adultos de alimentação e locomoção. Algumas formas imaturas de comportamento social são observadas.
- Fase de Socialização Primária: inicia com 3 semanas e vai até as 9 semanas. Na 3 semana, começam a caminhar e fazer auto-higiene com a boca e patas e iniciam a regular sua própria temperatura. Com 4 semanas a audição, visão, regulação da temperatura e a mobilidade já são suficientes para começarem a sair da cama e desenvolver as relações sociais, começam a comer alimentos sólidos, neste momento é importante que o filhote receba diferentes tipos de alimentos para aceitar com mais facilidade variações na idade adulta, oferecer alimentos úmidos em pasta, com pedaços, com ‘calda’, tente variar o máximo possível texturas e sabores. E com 5 semanas já tem controle voluntário da evacuação, cavando e cobrindo as próprias fezes. É nessa fase que as experiências podem determinar o comportamento do felino adulto, pois é quando se estabelecem os vínculos e o aumento das brincadeiras. Nesta fase os filhotes devem ser apresentados a outros animais e é aqui que se estabelecem as relações de medo ou amizades. Os felinos que foram amedrontados nessa fase, provavelmente serão animais tímidos ou agressivos na idade adulta. No final dessa fase, as brincadeiras são reduzidas e a exploração do ambiente começa a aumentar.
- Fase de Socialização Tardia: dos 2 aos 4 meses de idade. É a continuação da fase anterior mas com menos influência na idade adulta.
As fases iniciais são extremamente importantes. É essencial que os filhotes sejam estimulados e manuseados para ajudar na aceleração do desenvolvimento físico, do sistema nervoso e das relações sociais.
Na fase neonatal podem ser colocados em diferentes superfícies para receberem estímulos táteis variados. Na fase de transição deve-se acostumá-los com diferentes sons. E na fase de socialização é muito importante que estejam com a mãe e os irmãos onde vão aprender a se relacionar, tanto com outros gatos, como com os humanos ou outros animais. Devem ser apresentados a outros animais, humanos e outros ambientes, com o devido cuidado pois ainda não estão com a cobertura vacinal completa.
Quando separados da mãe e dos irmãos antes da fase de socialização podem ter redução da capacidade de aprendizado, serem anti sociais, medrosos e agressivos.
A cor da pelagem pode ser um indicativo do sexo de filhotes pois cerca de 80% dos filhotes amarelos são machos e a maioria dos tricolores ou tartarugas são fêmeas.
ESTUDOS COMPROVAM QUE O MELHOR PERÍODO PARA SOCIALIZAR OS GATOS É ATÉ AS 7 SEMANAS.
4. A fase Adulto Jovem dos felinos
Inicia entre a 7 e a 9 semana e pode ir até o 6 ou 12 mês, compreende o período de socialização tardia até a maturidade sexual. A maturidade sexual em geral é observada dos 5 aos 9 meses, em fêmeas, embora o ciclo estral possa aparecer a partir dos 4 meses, dependendo da raça, genética e ambiente. Machos podem produzir espermatozóides com 5 meses, mas a maturidade sexual e o acasalamento normalmente ocorrem entre 9 e 12 meses. Nessa fase ocorre o desenvolvimento gradual das habilidades motoras.
5. A fase Adulta dos felinos
Inicia com a maturidade sexual e podem ocorrer mudanças no padrão de comportamento. É nessa fase que as experiências vividas podem determinar diferentes distúrbios. As relações sociais dos felinos são fluidas, pois elas podem sofrer mudanças com o passar do tempo. Mesmo felinos que se gostam podem ter atritos, pois há diferentes graus de amizade e inimizade entre os grupos.
Gatos amigos, em geral, dormem juntos, se lambem para higienização (allogrooming) e se esfregam com a lateral do rosto no rosto ou no corpo do outro animal (allorubbing) para realizar a troca de odores e feromônios. Isso é importante pois é pelo odor que os felinos se reconhecem. Até o 4 mês de vida, as atividades lúdicas estão no seu auge, mesmo que elas ocorram durante toda a vida do felino, sendo as brincadeiras preferidas as que remetem a caçada ou a luta. Na natureza, os felinos caçam e se alimentam sozinhos, por isso eles comem rapidamente pequenas porções de alimento. Essa é uma característica natural que faz com que os felinos indoor se alimentem várias vezes ao dia, com pequenas porções de alimento, já que na natureza eles costumam se alimentar em média 20 vezes ao dia. Essa característica faz com que eles estejam constantemente alertas.
O allorubbing, o allogroming, a marcação por arranhadura e o amassar com as patas são formas de deposição de odor e feromônios e são a forma mais importante de comunicação entre a espécie.
6. A fase Sênior dos felinos
O envelhecimento é um processo natural, mas inspira cuidados especiais pois a senilidade traz alterações fisiológicas ao corpo e as doenças, em geral, são crônicas, debilitantes e progressivas.
Os atuais estágios de vida dos felinos sênior são caracterizados como adulto maduro, de 7 a 10 anos e idoso, acima de 10 anos. A idade cronológica pode não corresponder à idade funcional pois alguns órgãos podem envelhecer antes que outros, existem também raças e componentes genéticos predispostos ao envelhecimento precoce.
Devido a proprietários mais informados, a cuidados veterinários e a alimentação de qualidade, hoje os gatos estão vivendo mais e muitos chegam a idades superiores a 20 anos. Atualmente há diversos tratamentos disponíveis que auxiliam tanto na manutenção de um envelhecimento saudável como na ligação emocional entre gatos e tutores.
É importante salientar a manutenção da estimulação mental, alimentação, interação social e os cuidados de saúde para resolver ou, pelo menos, amenizar, alguns comportamentos indesejáveis.
As alterações comportamentais mais comuns nesta fase são a desorientação espacial ou temporal, interação alterada com a família e com outros gatos, mudanças no ciclo sono-vigília, micção e ou defecação fora das caixas de areia, mudanças na frequência de atividade e vocalização inadequada. Essas alterações, no entanto, podem ser ocasionadas por dor crônica, déficit auditivo e/ou visual, mudanças ambientais, luto, hipertensão arterial, hipertireoidismo, doença intestinal, tumores cerebrais, disfunção cognitiva ou a combinação de várias dessas causas.
7. Como introduzir um novo felino num ambiente com gatos
A introdução de um novo animal de estimação em casa, nem sempre é uma tarefa fácil. Pensando em felinos, essa tarefa pode ser ainda mais desafiadora principalmente porque esses animais são bastante territorialistas. Nessas situações a paciência é fundamental pois esse período pode levar várias semanas. O planejamento é fundamental para reduzir o estresse, permitir uma transição mais fácil e construir um relacionamento positivo entre os envolvidos.
Quando o novo animal chega na casa, a situação, tanto para os animais que já vivem no local quanto para o animal que está sendo introduzido é bem delicada. Ambos ficarão na defensiva e podem agir de forma agressiva, atacando ou se retraindo. Nessas situações a agressividade pode ser a forma mais comum, mas também há relatos de animais que se escondem de tanto medo dessa nova situação. Agressividade extrema ou mesmo depressão podem ocasionar problemas de saúde no felino, então o cuidado na introdução e um bom planejamento são fundamentais.
Devemos seguir alguns passos que serão listados abaixo e vale lembrar que o tempo de cada etapa varia de acordo com diferentes fatores como o estado de saúde, a personalidade e a idade de cada um dos animais envolvidos. Em geral, esse processo dura um período de 15 dias. Nem sempre esse processo dá certo logo na primeira tentativa, então, se não funcionou, deve-se reiniciar a reintrodução desde a primeira etapa.
Planejamento e paciência são as palavras chave do processo de introdução.
- Isolamento ou Quarentena: Isolar o novo gato num ambiente separado, com sua própria comida, água, caixa de areia, arranhador, cama e brinquedos. Isso permite que os animais que já estão na casa e o novo se acostumem com o cheiro e com os sons uns dos outros, evitando confrontos. Lembre-se de passar tempo suficiente em cada um dos grupos.
- Estimular o olfato: Se o ambiente está relaxado nos dois grupos, comece movendo os recipientes de alimento para mais próximo da porta do ambiente do gato que está sendo introduzido. Outra coisa que pode ser feita é estimular brincadeiras por baixo da porta, entre os grupos. Se isso não gerar estresse, troque algumas cobertas entre os grupos. Isso faz com que cada grupo sinta melhor o cheiro um do outro. Recompensas com petiscos e elogios são sempre bem-vindos, principalmente quando o processo está fluindo pacificamente. Nesse momento pode-se tentar abrir uma fresta na porta, para que os grupos se vejam, mas ainda se sintam seguros, cada um no seu ambiente. Em algumas situações de estresse, utilizar alimento facilita a interação.
- A aproximação: Se todo o processo até o momento está tranquilo, deixe o novo gato dentro da caixa de transporte e permita que os outros animais explorem, vejam e cheirem mais de perto. Procure fazer isso num ambiente seguro, sempre com sua supervisão e afastando o novo animal em qualquer situação de desconforto. Se ocorrer qualquer tipo de estresse, cada grupo deve voltar ao seu local anterior.
- Exercícios em conjunto: A próxima etapa é colocar os dois grupos no mesmo ambiente, sempre com supervisão e por períodos curtos no início. Esse tempo deve ir aumentando com o passar dos dias. Utilizar reforço positivo sempre é aconselhável. Esse reforço pode ser realizado com o auxílio de petiscos e principalmente com brincadeiras envolvendo os animais. Mesmo que os grupos estejam se dando de forma satisfatória, lembre-se que cada grupo precisa de seus próprios recursos como comida, água, cama, arranhador e caixas de areia, mesmo que estejam em diferentes locais.
- Explorando o novo ambiente: À medida que o novo gato se sente confortável, ele vai explorar e testar os limites do ambiente, então os cuidados com a segurança são muito importantes. Verifique a presença de plantas tóxicas, cortinas, lareiras, objetos quebráveis, etc. Lembre-se que a segurança dos seus animais é sua responsabilidade.
8. Enriquecimento alimentar
Enriquecimento alimentar significa oferecer alimentos de forma desafiadora e com novidades, devemos lembrar que gatos são caçadores e que eles devem explorar o ambiente para conseguir se alimentar, então, esconder o alimento é uma ótima estratégia de enriquecimento.
São estratégias para transformar o dia-a-dia e a alimentação de forma mais dinâmica, simulando a caça e mimetizando as características do ambiente natural. Gatos produzem mais dopamina (hormônio do prazer) quando mimetizam a caça do que quando comem. Estimula aproximar a rotina de vida livre dentro de casa, pois na natureza os felinos ficariam a maior parte do tempo caçando, na verdade, tentando caçar, e explorando o ambiente para montar as melhores estratégias.
Para estimular esse tipo de atividade, o tutor deve ficar parte do dia ajudando o gato a aprender a usar esses brinquedos e a desenvolver seu instinto. Filhotes podem receber alimentação sempre nesses brinquedos.
Existem no mercado brinquedos e comedouros lentos que distribuem o alimento de forma a permitir a exploração e a caça, mas mesmo sem esses brinquedos ou comedouros especiais é fácil estimular os gatos, simplesmente escondendo o petisco preferido e estimulando-os a buscá-lo, deixando o felino entretido por um tempo.
O ideal seria iniciar essas atividades na infância começando com atividades simples, que façam com que o animal busque a ração e como exemplos temos algumas bolinhas pequenas com furos para colocar a ração seca, que ao rolar, vai deixando os pellets de ração caírem. Existem também brinquedos que servem para colocar alimento úmido, que também fazem o animal buscar seu alimento. Nesses brinquedos próprios para ração úmida, o gato vai lamber o alimento ajudando a prender o brinquedo com as patas e simulando a apreensão da presa, como se estivesse em vida livre.
A vantagem de fazer o enriquecimento alimentar é diminuir o estresse do confinamento e ajudá-los a controlar a obesidade, o sedentarismo e evitar transtornos psicológicos como a ansiedade.
Busque ideias de brinquedos e comedouros em lojas especializadas e crie suas próprias formas de enriquecer o ambiente alimentar de seu gato.
9. Cuidados básicos com os felinos
Os gatos são excelentes animais de estimação, mas é importante que você conheça alguns cuidados básicos para que eles se mantenham saudáveis e vivam mais.
- Visitas constantes ao veterinário: para realização de exames, vacinas e orientação. As vacinas são anuais e variam de acordo com o tipo de vida e o resultado dos testes para FIV e FeLV, principalmente.
- Vermifugação e antipulgas: varia de acordo com o tipo de vida do seu felino, mas é importante vermifugar seu gatinho, pelo menos 4 vezes ao ano. Manter seu gato livre de parasitos externos como pulgas e carrapatos, também é importante e deve ser realizado mensalmente.
- Vacinação: a vacinação deve ser iniciada às 6-8 semanas de idade, com as vacinas polivalentes que podem ser a tríplice, ou a quádrupla ou a quíntupla, reaplicadas a cada 2 a 4 semanas até se completar, pelo menos,16 semanas de idade ou mais. Os felinos também devem fazer a vacina anti rábica uma dose a partir de 12 semanas de idade. Em alguns casos pode ser conveniente a aplicação da vacina quádrupla ou da quíntupla felina.
Tríplice: protege contra Rinotraqueíte, Calicivirose e Panleucopenia.
Quádrupla: protege contra Rinotraqueíte, Calicivirose, Panleucopenia e Clamidiose.
Quíntupla: protege contra Rinotraqueíte, Calicivirose, Panleucopenia, Clamidiose e Leucemia Viral Felina (FeLV).
- Alimentação de alta qualidade: os gatos, por serem carnívoros estritos, necessitam de uma alimentação rica em proteínas de origem animal e para cumprir esse requisito fundamental, usar rações super premium é o ideal (mix feeding pode ser usado, desde que a dieta seja feita por um veterinário especializado em nutrição animal). Lembre-se de administrar alimento úmido diariamente para estimular também a ingestão de água pelo seu felino. A quantidade de alimento que deve ser fornecida, varia com a idade, o tipo de alimento e o tipo de vida do seu animal. Lembre-se que no caso dos gatos é essencial que a ração escolhida tenha taurina em sua composição. Petiscos não devem ultrapassar 10% da dieta diária. Mantenha água, em diferentes locais da casa, fontes, ou qualquer coisa que faça com que seu gato seja estimulado e o lembre de ingerir líquidos, isto é fundamental.
- Plantas: cuidado com o ambiente pois existem plantas que são tóxicas para os felinos e devem ser evitadas, principalmente se você viver em apartamento.
- Mantenha seu gato dentro de casa: existem inúmeras comprovações que felinos de vida livre vivem bem menos que os de dentro de casa, pois assim, são evitados vários fatores de risco para os animais. Lembre-se que seu apartamento deve ser telado para evitar quedas ou fugas do seu animal. Os gatos podem sair de casa acompanhados pelo tutor e com peitoral e guia específicos para a espécie, desde que sejam acostumados e sejam em lugar seguro, sem outros animais que não estejam acostumados entre si. Esse tipo de atividade não pode ser estressante nem perigosa. Os passeios são uma forma de exercício e distração para gatos que vivem só em apartamento.
- Enriquecimento ambiental: fundamental para manter a saúde mental do seu felino. Mantenha locais onde seu gato possa escalar, lugares para se esconder e arranhar são os principais.
- Estimule brincadeiras: seu felino precisa ser estimulado a brincar, eles gostam de atividades que simulem a caça, os saltos e a perseguição. Ratos e bolas são os preferidos dos felinos. Os filhotes brincam a todo momento, mas quando chegam à fase adulta, os gatos tendem a diminuir as brincadeiras. Um gato feliz brinca em qualquer fase da vida, principalmente com brincadeiras de caça, só precisa ser estimulado. Essas brincadeiras podem ser com uma varinha longa com penas ou um brinquedo na ponta, que simulam movimentos para facilitar a predação. Também é importante mudar os brinquedos para que eles não percam o interesse nas brincadeiras.
- Castração: procedimento realizado a partir de 5 meses de idade, recomendado para evitar algumas patologias, abandono e crias indesejáveis.
- Escovação dos pelos: ideal para retirar toda a quantidade de pelos mortos e para auxiliar você a identificar alguns problemas como perda excessiva de pelos, presença de nódulos, entre outros. Lembre-se que qualquer alteração você deve levar seu felino ao veterinário. Gatos podem tomar banho, mas o ideal é que eles sejam acostumados a isso desde filhotes. Escovar os dentes dos felinos é uma tarefa mais difícil se ele não estiver habituado desde bem jovem.
- Limpeza da caixa de areia: a caixa deve ter uma vez e meia o comprimento do gato. A areia não deve ser muito grossa e ter perfume. A areia deve formar torrões. A retirada de dejetos das caixas de areia deve ser no mínimo diária e a higienização da caixa, com a troca de todo o substrato devem ser semanais. Muitas alterações são observadas no momento da limpeza das caixas, pois nessas situações o tutor percebe alterações urinárias e da consistência das fezes, que são indícios de algumas doenças.
- Coleira de identificação: se seu gato tem acesso a rua ou você tem o hábito de levá-lo para passear é importante que ele utilize uma coleira com plaquinha de identificação e que seja microchipado. Isso evita que seu felino se perca ou caso aconteça, mais facilmente você o encontrará.
- Transporte ou viagens: sempre que você tiver que levar seu gato numa viagem ou mesmo nas visitas ao veterinário ele deve estar protegido dentro de uma caixa de transporte. Isso evita estresse excessivo do animal e riscos de acidentes e fugas. O ideal é acostumá-lo com a caixa de transporte em outros momentos, para que associe com algo positivo. Uma outra alternativa para deixar seu gato mais tranquilo é cobrir a caixa de transporte com uma capa, em geral, nos ambientes escuros eles se sentem mais seguros e ficam mais tranquilos.
10. Conclusão
O grande desconhecimento por parte dos tutores de felinos sobre a origem e o comportamento desses animais, pode levar a comportamentos inadequados e a distúrbios comportamentais. Um distúrbio comportamental, algumas vezes, é uma ‘enfermidade terminal’, de modo que o auxílio aos tutores pode salvar a vida dos animais. É importante lembrar que a prevenção de um distúrbio é muito mais fácil que a eliminação dele, para isso é muito importante se informar sobre os hábitos e cuidados com os felinos antes de levar um para casa.
Autoria:
Letícia Gershenson CRMV 6.279 – Médica veterinária, clínica, especialista em comportamento felino
Sheila Dalpiccol CRMV 11.687 – Médica veterinária, especialistas em medicina felina
11. Referências
- G. Landesberg; W.Hunthausen; L. Ackerman. Problemas Comportamentais do Cão e do Gato. Cap.2. Desenvolvimento de cães e gatos. 2 edição. Tradução Paulo Marcos Agria de Oliveira São Paulo. Roca. 2004
- BEAVER, Bonnie V., Comportamento Felino: Um guia para veterinários, São Paulo, Rocca, 2005
- HORWITZ, Debra F., NEILSON, Jacqueline C., Comportamento Canino e Felino, Porto Alegre, Artmed, 2008
- COSTA, Fernanda Vieira Amorim, MARTINS, Christine Souza, Manual de Clínica Médica Felina, 1 edição, Santana de Parnaíba, São Paulo, Manole, 2023
- https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/a-evolucao-do-felino-domestico/16267#
- https://sciam.com.br/a-evolucao-dos-gatos/
- https://gatinhosproblema.com.br/2017/02/14/introducao-reintroducao-e-adaptacao-de-gatos-passo-a-passo/
- https://www.feliway.com/br/Blog/Orientacoes-para-introducao-de-um-novo-gato
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- https://www.youtube.com/watch?v=0e_6LOat_GI
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- https://www.petz.com.br/blog/adocao/meu-primeiro-gato/?gclid=Cj0KCQjw08aYBhDlARIsAA_gb0dsWh-fNlEQA8TUd8cmiFm3V8_QB_P6v6bOndJxppgEpkcR0Mp5EeIaAtA4EALw_wcB
- https://www.nuxcell.com.br/5-dicas-preventivas-para-os-tutores-de-gatos/?v=19d3326f3137
- https://blog.cobasi.com.br/tudo-sobre-gato/
- https://www.patasdacasa.com.br/noticia/6-cuidados-que-voce-precisa-ter-com-seu-gato-e-dicas-para-nao-deixa-lo-estressado_a960/1
- https://www.boehringer-ingelheim.com.br/press-release/posse-responsavel-cuidados-basicos-para-manter-a-saude-e-o-bem-estar-dos-pets
- https://www.premierpet.com.br/wp-content/uploads/2020/11/gato.pdf
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- https://meusanimais.com.br/dez-dicas-melhorar-prolongar-vida-gato/