Origem

O Buldogue Francês (Bouledogue Français) como todos os dogues, provavelmente surgiu de diferentes cruzamentos dos Molossos do Epirus, que é uma raça grega criada para ser um cão de guerra e guardião de gado, parente do Buldogue Inglês, dos Alanos da Idade Média e dos pequenos dogues da França feitos pelos criadores apaixonados, nos bairros populares de Paris nos anos 1880. Naquela época conquistaram a alta sociedade e o mundo dos artistas pelo seu físico e particularmente pelo seu caráter. O primeiro registro data de 1885 e o primeiro padrão foi estabelecido em 1898, ano no qual a Sociedade Canina Central (Kennel Club Francês) reconheceu o Bulldog Francês como raça. O padrão foi modificado entre 1931-1932 e 1948 e reformulado em 1986, depois em 1994 e em 2012 pelo Comitê do Club do Bulldog Francês. 

Aspectos físicos e anatômicos

O Buldogue Francês apesar de pequeno, é possante, atarracado e compacto em todas as suas proporções, de pêlo curto, orelhas eretas e com uma cauda naturalmente curta. Ele deve ter a aparência de um cão ativo, inteligente, muito musculoso, de estrutura compacta com uma sólida ossatura. 

A cabeça deve ser forte, larga e quadrada, a pele que a recobre forma, sem excessos, as pregas e as rugas simétricas. É caracterizado por um encurtamento da porção maxilo-nasal, bem como por uma ligeira a moderada inclinação da trufa para trás, ligeiramente arrebitada, de cor preta, larga, achatada, com narinas bem abertas e simétricas, permitindo uma respiração nasal normal. O focinho é muito curto, largo, apresentando pregas concentricamente simétricas. A língua jamais deve ficar à mostra quando o cão está em repouso. Os incisivos inferiores sobrepassam os incisivos superiores. Olhos de cor escura, bastante grandes, arredondados e sem mostrar traços de branco (esclerótica) quando o animal está olhando diretamente para frente. A borda das pálpebras deve ser preta. 

Orelhas: De tamanho médio, largas na base e arredondadas na ponta. Inseridas no alto da cabeça, sem ficarem muito próximas, portadas eretas com o pavilhão é voltado para frente. O tronco é progressivamente ascendente, mas não excessivamente, a partir da cernelha até o nível do lombo. Peito largamente aberto, inscrito em um quadrado, quando visto de frente. Cauda naturalmente curta, idealmente de um comprimento suficiente para cobrir o ânus, de inserção baixa, quase reta, grossa na base e afilando na extremidade. Uma cauda torcida, nodosa, quebrada ou relativamente longa, mas que não ultrapasse a ponta dos jarretes, é admitida. 

Braços: Curtos, grossos, musculosos, ligeiramente curvados. Patas: Redondas, compactas, de pequena dimensão, ditos “pés de gato”, ligeiramente voltadas para fora. Os dedos são bem cerrados, as unhas curtas, grossas e de cor preta. Os membros posteriores são fortes e musculosos, um pouco mais longos que os membros anteriores, elevando assim a traseira. 

Pelagem

Pelo curto, brilhante e macio, sem subpelo. Cores: o fulvo é a única cor básica do Buldogue Francês. Todas as demais são derivações ou variedades do fulvo. 

Tigrado é a pelagem fulvo moderadamente rajada transversalmente por manchas escuras dando um aspecto “tigrado”, a pelagem fortemente manchada não deve chegar a cobrir o fundo fulvo; pode ou não ter marcação branca limitada. Atenção: o tigrado, que é dominante no Buldogue Francês, é um fulvo moderadamente listrado de preto (não preto listrado de fulvo), em todos os matizes de fulvo. As listras pretas podem cobrir todo o corpo, com ou sem marca branca no peito. Exemplares com fundo preto na pelagem e algumas marcas ou apenas pêlos esparsos na cor fulvo, não correspondem à descrição do padrão. Cuidado: apenas cães muito jovens podem parecer ser totalmente pretos, entretanto mais tarde quando amadurecerem poderão desenvolver um padrão tigrado. De qualquer forma, mesmo estes muito jovens não podem ser aceitos se completamente pretos. 

O Buldogue Francês é branco apenas aos nossos olhos, mas na realidade, geneticamente não é: é tigrado ou fulvo mas com uma marcação branca tão invasiva que cobriu todo o seu corpo. Quando julgando cães com essa característica, é importante observar a cor da trufa e das pálpebras, que devem ser pretas, além das unhas. O branco é admitido, mas não buscado por causa dos riscos associados à surdez. 

Altura na cernelha: Machos: 27 à 35 cm; Fêmeas: 24 a 32 cm, com uma tolerância de 1 cm a mais ou a menos. Peso: Machos: 9 à 14 kg; Fêmeas: 8 à 13kg. Uma tolerância de 500 g acima do limite superior é aceito se o exemplar é bem típico. 

Personalidade e comportamento

Em relação à personalidade, o Buldogue Francês é conhecido por ser extremamente amigável, afetuoso e sociável, é um cão de companhia, alegre, brincalhão, possessivo e ativo. Além disso, eles são excelentes com crianças e tendem a se dar bem com outros animais de estimação. Porém são teimosos e é necessário jeito e paciência ao adestrar. 

O Buldogue Francês é bastante dependente do seu dono, para isso é necessário que ele seja acostumado desde filhote a ficar em ambientes onde você não está para não sofrer de ansiedade de separação. Portanto, se você precisa fazer muitas viagens ou passar muito tempo fora de casa, talvez seja melhor uma raça mais independente. Apesar de cada animal ter a sua personalidade a parte, como tendem a ser muito possessivos, se você for ter mais de um Buldogue, é melhor que não sejam do mesmo sexo pra evitar brigas e competições. 

Predisposição à doenças

Uma proporção significativa de cães de algumas raças braquicefálicas (crânio curto e largo) são afetados pela Síndrome Obstrutiva das Vias Aéreas do Cães Braquicefálicos, conhecida também como BOAS, do inglês Brachycephalic Obstructive Airway Syndrome (Nordic Kennel Union: Statements and proposals regarding respiratory health in brachycephalic dogs, 2017). A testa encurtada dessas raças é resultado de pequenas mutações — no entanto, os diferentes fatores que causam a BOAS são complexos. 

Qualquer esforço para resolver problemas relacionados à BOAS exige colaboração entre as várias partes interessadas. Todos os envolvidos, incluindo kennel clubes nacionais e internacionais, criadores, clubes das raças, juízes de exposições, veterinários, autoridades de bem-estar e até mesmo proprietários de cães braquicefálicos, devem colaborar para obter resultados significativos na redução da prevalência de BOAS. Os indivíduos afetados podem ter narinas estenóticas (estreitamento dos orifícios nasais), palato mole alongado e corneto nasal superdimensionado e protuberante na porção caudal, consequentemente desenvolvendo dificuldades respiratórias, intolerância ao calor e ao exercício e, em casos mais graves, cianose e colapso. Portanto, sua atividade física deve ser sempre moderada e intercalada com pausas para descanso, jamais intensa e sob forte calor.

A fase de filhote: o desenvolvimento pós nascimento pode variar um pouco conforme fatores genéticos, ambientais, sexuais (machos x fêmeas), entre outros, mas em um modo geral nos primeiros 15 dias de vida o filhote ainda é totalmente dependente da mãe para manter a temperatura, estimular as necessidades fisiológicas (urina e fezes) e fonte de alimentação. Após esse período, entre 15 e 20 dias de vida, os filhotes iniciam a abertura dos olhos e ouvidos. Com o estímulo visual e auditivo, eles começam a ganhar independência da mãe e iniciam a etapa de socialização, que leva de 20 dias de vida até as 12 semanas, momento onde iniciam os padrões comportamentais da raça. É a etapa considerada a mais importante na construção do comportamento canino, fase onde inicia a erupção dos dentes, onde realiza o desmame e introdução alimentar e onde ocorre o “imprint”, que é o autoconhecimento através da convivência e interação diária. Nessa etapa o cãozinho sai do ninho, começa a se desligar da mãe e começa a desenvolver relações pessoais. É nesse período que o aprendizado se torna mais rápido e mais evoluído devido às informações visuais analisadas em outros cães e principalmente quando observam as atitudes da mãe. A fase de socialização é crucial para os filhotes. Ela ocorre nos primeiros meses de vida e envolve expor o filhote a uma

variedade de experiências, pessoas, animais e ambientes. Durante esse período, os filhotes aprendem a interagir de maneira adequada com o mundo ao seu redor e a desenvolver confiança. 

A socialização adequada é essencial para garantir que o filhote se torne um cão adulto bem equilibrado e amigável, ajudando a prevenir comportamentos indesejados, como medo, ansiedade e agressão. Quanto maior o manuseio do filhote e exposição a estímulos novos, maior é a chance de no futuro o animal se tornar um cão adulto sociável e amigável. Manuseios diários, sem movimentos bruscos e ríspidos, devem ser implantados na rotina dos filhotes. São exemplos de manejos que podem ser aplicados diariamente: escovação da pelagem, escovação dental, limpeza de ouvidos, corte de unhas, simulação da contenção realizada nos consultórios veterinários, motivação da entrada em caixas de transporte e habituação a presença de barulhos diferentes, bem como a presença de desconhecidos, brincadeiras, passeios. Pratique o reforço positivo: utilize recompensas, como petiscos, elogios verbais e muito carinho, para reforçar comportamentos desejados. Isso incentiva o filhote a repetir esses comportamentos. Essa troca é muito importante, pois estabelece vínculo afetivo e seguro entre o tutor e o cão.

É nessa etapa também que inicia-se o protocolo vacinal e desvermifugação do filhote. O protocolo vacinal mais eficaz é aquele que é pensado e efetuado individualmente para cada animal, (seguindo as orientações do médico veterinário de confiança), mas na sua grande maioria, a primeira dose inicia-se aos 45 dias de vida, sendo estendido até mais ou menos os 4 meses de vida, quando será feita a última dose das vacinas obrigatórias como polivalente, que abrange proteção contra o vírus da Cinomose, Adenovírus tipos 1 e 2, Parainfluenza Canina, Parvovírus e leptospiras; e a Antirrábica que promove proteção contra a Raiva canina. 

Muito cuidado ao expor esse filhote à desafios de imunidade durante o protocolo vacinal. Impedir que tenha contato com outros cães, locais onde passam muitos animais como petshops, parques, praças, hotéis, entre outros, é uma forma de prevenção e cuidado com a saúde. 

A fase jovem adulto: ocorre entre os 6 e 18 meses de vida e há uma série de mudanças físicas e comportamentais como: o filhote passa por um rápido crescimento, com um aumento na altura e peso, pode sofrer alterações de coloração e quantidade de pelos. No que diz respeito ao comportamento, é comum observar uma maior independência por parte do cão nesta fase. Eles podem começar a desafiar os limites estabelecidos, testando sua posição na hierarquia familiar. Além disso, é possível ocorrerem oscilações de humor, que vão desde momentos de energia extrema e brincadeiras até períodos de calma e sonolência. Os Buldogues Franceses são teimosos e precisam de várias repetições para aprender um comando. Nada que um bom treinador, que saiba lidar e respeitar a raça não consiga solucionar. Será de suma importância que mantenha a educação e que defina com firmeza algumas regras de convivência, como: local certo para necessidades, local de alimentação, se poderá subir no sofá ou não, entre outros, pois nessa fase o treinamento pode se tornar um desafio ao tutor. Ignorar ou permitir comportamentos indesejados nessa fase pode resultar em problemas de comportamento mais difíceis de corrigir no futuro. 

Esse período também é marcado pelo desenvolvimento dos dentes permanentes; por isso, é essencial praticar uma boa higiene oral, escovando os dentes regularmente e para aliviar a coceira na gengiva, provocada pela erupção dos dentes e para evitar que ele destrua os objetos da casa forneça brinquedos apropriados para mastigação. Além disso, essa é a idade mais recomendada para a castração eletiva caso seja a decisão final. A melhor idade para as fêmeas é após o primeiro cio, pois é o momento em que o aparelho reprodutivo já está maduro e nos machos, assim que os testículos já estiverem inseridos no saco escrotal, o que ocorre geralmente entre 7 e 8 meses de idade. A redução de neoplasias ovarianas e testiculares é um dos principais benefícios e motivo de procura pelo procedimento, entre outras vantagens à castração, encontram-se a redução no índice de desenvolvimento de piometras, a redução do comportamento de marcação de território, seja com urina ou agressividade, redução de fugas para acasalamento e aumento da expectativa e qualidade de vida.

A fase adulta: é marcada após os 18 meses até os 7 anos, os cães já estão acostumados com a rotina da família, compreendem os comandos aprendidos e normalmente são sociáveis, mais tranquilos e afetuosos com seus tutores e menos distraídos. 

Quanto à aparência física, nessa idade a pelagem já está definida. A escovação se torna ainda mais importante para a manutenção da pelagem. Apesar de ter uma pelagem curta, esses cachorros costumam perder bastante pêlo, principalmente na primavera e no outono, que é quando ocorre a troca dos pêlos, necessitando de escovações diárias para eliminar os pelos mortos e as impurezas de sua pelagem. Precisam de um cuidado especial com as dobras da pele, mantendo-as sempre limpas e secas evitando umidade e o acúmulo de impurezas que favorecem o desenvolvimento de dermatites e infecções. Para manutenção da higiene dessas regiões, preconize sempre o uso de produtos como shampoos e/ou soluções de limpeza específicas para cães e sempre neutros.

Precisa ser fisicamente e mentalmente estimulado para permanecer feliz e saudável. Porém, lembre-se que o Buldogue Francês não deve ser exposto a exercícios intensos. O ideal é realizar 2 passeios diários, com 25 ou 30 minutos cada um, intercalando sempre a caminhada com intervalos para descanso. Por ser uma raça braquicefálica (crânio curto e largo), devemos ter muito cuidado em climas muito quentes, evitando passeios longos e exercícios nos horários mais quentes do dia, mantendo-os sempre num ambiente fresco e arejado. Por isso, se você procura um cãozinho para estar com você em diversas atividades físicas e passeios, talvez o Buldogue Francês não seja a melhor opção, pois ele pode se cansar muito fácil e apresentar uma grave hipertermia e dificuldade respiratória que pode ser fatal 

Os Buldogues Franceses podem ter alguns problemas oftalmológicos graves, pois os olhos deles podem “saltar para fora” com muita facilidade quando o cão faz alguma força ou pressão. Por terem os olhos mais salientes, são vulneráveis para úlceras de córnea e olhos secos. A primeira consulta oftalmológica do buldogue francês pode ser realizada já aos 6 meses de idade, para avaliação e orientações de cuidados.

No início da fase adulta é essencial que nessa fase façamos a troca gradual da alimentação que antes era específica para filhotes de porte pequeno, e passar a fornecer uma dieta balanceada e de alta qualidade, formulada especificamente para cães adultos.

Além da alimentação, é importante agendar visitas regulares ao veterinário para exames de rotina, vacinação e cuidados preventivos. Monitorar a saúde e realizar exames periódicos, podem ajudar a identificar problemas precocemente. 

A fase Sênior: a partir dos 7 anos de idade ocorrem diversas mudanças físicas e comportamentais. À medida que o cão envelhece, seu metabolismo diminui, o que pode resultar em ganho de peso se a dieta não for ajustada. 

Além disso, é comum observar o aparecimento de pêlos grisalhos ao redor do fuço e ao redor dos olhos. 

Em relação ao comportamento, os cães idosos tendem a ser menos ativos e enérgicos do que quando eram mais jovens. Para atender às necessidades de um Buldogue Francês idoso devemos proporcionar um ambiente confortável para o cão, garantindo que ele tenha acesso a uma cama macia e quente, bem como a um local tranquilo onde possa descansar sem ser perturbado. Em relação às atividades físicas, as caminhadas devem ser mais curtas e lentas. 

Os cuidados com a saúde de um idoso são essenciais para garantir seu bem-estar. Consultas regulares ao médico veterinário são fundamentais para monitorar a saúde e identificar precocemente possíveis problemas. Exames de sangue, urina e imagem podem ser realizados para avaliar a função dos órgãos e identificar alterações metabólicas, ósseas e sistêmicas. 

Vacinação adequada, controle de parasitas internos e externos, e administração de suplementos nutricionais recomendados pelo médico veterinário são medidas importantes para manter a saúde do idoso, bem como rotina de cuidados, alimentação e estímulos corretos para a idade.

Conclusão 

O entendimento de todas as fases de vida dos cães, a sua origem e seu comportamento, são de extrema importância para uma convivência saudável e amorosa entre humanos e os cães. 

Quando for adotar seu cãozinho fique atento às características anatômicas como narinas estenóticas, dobras cutâneas pesadas sobre o nariz, pescoço curto e grosso e obesidade.

Tenha sempre o conhecimento e confiança em um médico veterinário para o acompanhamento do seu cão. Ele precisará de visitas regulares ao consultório, durante todas as fases de sua vida, a fim de evitar problemas de saúde e de manejo inadequado. 

Esperamos que este guia tenha sido útil para você. 

Aqui na Focinhos.pet temos uma equipe de médicos veterinários qualificados e preparados para lhe auxiliar e orientar a melhor maneira de promover saúde, qualidade de vida e longevidade para seu melhor amigo. Não hesite em nos contatar. Queremos fazer parte de todas as fases de vida do seu cão. 

Aproveite cada estágio da vida do seu cãozinho e construa uma relação duradoura e gratificante! 

Dra Letícia Gershenson

Médica Veterinária

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